terça-feira, 11 de agosto de 2009

Bazar da Pechincha 2009

Foi realizado no último domingo, 09 de agosto, no Salão da Igreja Bom Pastor, pelo nono ano consecutivo, o Bazar da Pechincha 2009. Foram oferecidas para a população, a um preço muito atrativo, milhares de peças de roupas, calçados, bijuterias, tapetes, móveis e eletrodomésticos, oriundos de doações feitas por cidadãos diretamente ao Lar dos Idosos Paul P. Harris. A abertura do portão aconteceu às 8 horas da manhã em ponto e o salão foi invadido por centenas de pessoas que tentavam aproveitar as melhores ofertas.
“Todo o valor arrecadado será revertido na manutenção, ampliação e melhoria do atendimento aos internos do Lar”, como destaca o Presidente da instituição, Sydnei.
Segundo D. Maria, Diretora da Instituição, está previsto um novo Bazar da Pechincha para o mês de dezembro. É só esperar!!


Por que cada vez mais velhos são abandonados?

"Eu estava chegando em casa e meus familiares assistiam ao filme Um homem chamado cavalo. Em uma determinada cena, uma mulher idosa era jogada pra fora da tenda porque não tinha nenhum guerreiro que fosse seu marido e ela não teria como sobreviver só. Então, era atirada para a morte. Era a forma como aquela sociedade descartava os indivíduos considerados inúteis, que não tinham determinado papel dentro daquele grupo social. Começamos a discutir sobre o absurdo daquela situação. Até que, em um momento de reflexão, pensei: será que fazemos diferente?"

(Prof. Jaime Luiz Cunha de Souza, Depto. De Sociologia da UFPA)

Tatiana Ferreira, em seu artigo “Estudo avalia trajetória do idoso até o asilo”, publicado no site http://www.ufpa.br/beiradorio/arquivo/beira09/noticia/noticia5.htm, nos traz algumas informações e relatos preocupantes, a partir do estudo realizado pelo Prof. Jaime em sua Dissertação de Mestrado “Do exílio da sociedade à sociedade do asilo”.

Diz o professor sobre o abandono de idosos por parentes: “Na verdade, existe uma série de coisas que podem servir como tentativa de justificativa. Mas o que acontece é um individualismo exacerbado, prejudicando quem não representa mais o paradigma de indivíduo proposto pela sociedade

Segundo o que o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística nos informa em seu site http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/perfilidoso/tabela7_1.shtm, o número de pessoas de 60 anos ou mais de idade, responsáveis pelo domicílio cresceu de 52.369 (1991) para 87.624 (2000), no estado de Mato Grosso, enquanto a população nessa faixa aumentou de 88.080 (1991) para 144.318 (2000). Assim, podemos constatar que o número de idosos responsáveis pelo domicílio aumentou percentualmente de 59,45 % (1991) para 60,71 % em (2000). Parece pouco. Mas se levarmos em conta que o índice de envelhecimento em Mato Grosso pulou de 7,11 % em 1991 para 11,50 % em 2000 (http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/tendencia_demografica/tabela17.shtm) e que o número de idosos abandonados em asilos, instituições e hospitais vem crescendo a cada ano, a situação não parece se afastar muito da cena descrita inicialmente. A família parece ter a tendência de permanecer apenas com aqueles idosos que, de alguma forma, cumprem algum papel relevante para o grupo.

"A sociedade esconde o idoso porque na verdade não consegue se ver no idoso. É como se ela estivesse rejeitando aquilo que ela é. Ele representa uma parte dela não aceita. E o pior é que muitas vezes isso envolve agressão. O Instituto Brasileiro de Ciências Criminais fez um estudo sobre a violência e viu que cerca de 650 mil idosos são agredidos a cada ano"

O panorama tende a se agravar, se considerarmos que o número de idosos nessa faixa, que hoje é de 14,5 milhões de pessoas, deverá dobrar em 25 anos. É necessário e urgente o estabelecimento de uma política pública e de ações educativas no sentido de reverter esse quadro, sob pena de transformarmos nossa pseudo “sociedade informatizada e evoluída” em grupo formado por selvagens nada diferentes daqueles. “O pesquisador lembra que um dos casos mais marcantes foi o de uma senhora deixada no local pelo filho, com a promessa de que ficaria lá por quinze dias. A justificativa era uma reforma na casa da família, que poderia ser prejudicial à saúde da idosa. Passaram-se nove anos até o dia da entrevista e ela ainda aguardava o dia de voltar pra casa.”, destaca Tatiana.